Monday, February 12, 2007

O 11 de Fevereiro de 2007

Congratulamo-nos, não por ter sido a vitória do nosso voto, mas pela vitória das mulheres portuguesas no sentido da liberdade.
Foi um parto demorado e doloroso, antes feito abortar pelos «defensores da vida», quantos deles(as) inconscientes daquilo que verdadeiramente estava em causa …
São sempre os escravos, aqueles que mais dificuldades têm em reconhecer a sua própria escravatura e, por isso mesmo, em lutar contra ela.
O aborto é um mal, estamos de acordo! Mas deixamos à liberdade de cada um(a), conforme a sua situação, decidir o que de melhor tem a fazer sem nos intrometermos na sua vida.
Todo o nosso respeito também para os defensores do não, que têm agora uma oportunidade única de mostrarem aos outros a sua coerência, honestidade e entrega totais pela causa que defenderam, impedindo as mulheres de abortarem, pela criação das condições psicológicas, sociais e económicas necessárias para que cada grávida possa ter a possibilidade de criar o seu filho em condições de dignidade e desafogo, sem precisar de recorrer a medidas extremas.
Sim, este é o momento ideal para os defensores do não mostrarem a sua superioridade, a superioridade dos seus ideais. Porque é muito fácil escondermo-nos atrás de uma lei impeditiva e depois ficarmos a tratar das nossas vidinhas, de consciência tranquila porque fizemos a escolha correcta, e não nos preocuparmos mais com quem sofre uma gravidez que não pode levar até ao fim pelas mais variadas razões.
Não percam esta oportunidade, e terão o nosso eterno respeito e agradecimento, caso contrário ficaremos a suspeitar das vossas intenções.
Também a hierarquia da igreja tem aqui a sua oportunidade de defender REALMENTE a vida, se nos quiser fazer esquecer de todo, um passado de crimes contra a mesma vida. Se não a aproveitar, a sua honestidade estará em causa e não haverá teologia que a desculpe.
A responsabilidade está do vosso lado. O sim pode ter sido uma benesse para todos! Há que a saber aproveitar!

Vamos salvar todas as vidas humanas e toda a vida na terra mudando radicalmente o nosso comportamento e as nossas relações económicas?